Analisando uma entrevista no GNT com Gilberto Gil, falando sobre estar velho, sobre a idade dele, constatei que ao contrário dele, que se sente jovem depois dos 70 anos, sempre me senti velha, me dei o direito de estar jovem depois dos 36 anos, mas mesmo assim esporáticamente.
Não escolhi ser assim, fui levada a isso, por criação, princípios, vivências e a própria vida, mas não sou vítima disso, sou consequência.
A velhice física é difícil de ser aceitada, ver seu corpo mudar, sua resistência diminuir, seu brilho apagar um pouco, é estingante, te faz repensar muita coisa, e no meu caso me dá uma sede de viver o que não vivi sendo "velha" quando eu tinha o corpo de uma jovem.
Deixei de viver loucuras normais da adolescência, alegrias espontâneas dessa idade, deixei de ser inconsequente quando podia, quando não existiam tantas cobranças, pulei fases.
Agora estou aqui, perto dos quarenta...
Esse texto não vai me levar a mudar nada, só a diagnosticar meu estado de espírito; mas fazer o que, admitindo não ter vivido, admitindo ter me cobrado tanto, vendo o que eu perdi, devo crescer espiritualmente.
Ainda sei que tenho muito tempo para viver, dentro dos meus limites da idade, sei que posso ainda ser jovem, ter meu espírito mais jovem e é nisso que vou me apegar.
O tempo é implacável, mas trás tolerância, sabedoria, paciência, experiência, olhar com menos julgo, aceitar mais o outro como ele é.
Preciso somente me adaptar, conciliar meu corpo com a minha vontade de viver, de ser jovem. Deixar de ser "velha" e me cobrar tanto.
Preciso ser feliz como eu sou, com a idade que tenho e com o que essa idade acrescentou em mim ...
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Há 2 dias