terça-feira, 20 de março de 2012

Cada qual com o seu cada qual


Quer ir? Vai lá...
Segue suas próprias ideias.
Descobri que o que tens pra viver eu não posso poupa-la.
Queria te guiar, mas você não quis; então vá sozinha.
De um jeito ou de outro estarei aqui, ou pra te dar apoio ou pra te ajudar a curar as feridas.
Não é que te desejo mal, só vejo com os olhos da experiência. Mas a minha experiência não te serve pra nada, então passe pelo que tens que passar.
O meu amor diante do que tens pra viver se tornou incomodo, a minha preocupação desnecessária, e os meus conselhos lhe causam indignação e nada então posso te poupar.
Não posso amenizar suas dores.
Então me calo.
Me recolho diante da impotência de ajudar quem não quer ser ajudado.
E te deixo livre pra suas escolhas e consequências.



Fonte foto: Flávia Corrêa

quarta-feira, 14 de março de 2012

Incompletude


Me falta um pedaço.
Muito prazer, meu nome é pela metade!
Sinto-me mutilada.
Não no corpo, não me falta a carne; o que tenho vem da alma. Mas mesmo assim sangra.
Sempre essa sensação de estar faltando alguma coisa...
Essa falta de sentido me consome.
Mesmo quando eu estou feliz, não estou completa.
É um vazio.
Não é infelicidade, e falta mesmo.
Mas, falta de que?
De de ser inteira, de ter certeza, de ser completa.
Será que é de alguém que sinto falta?
Será que é de outras vidas que trago essa incompletude?
Não é falta de Deus, isso eu tenho certeza.
Mas sinto culpa por esse sentimento.
Não é ingratidão, pelo contrário, sou muito agradecida pelo que tenho.
Preciso me encontrar.
Achar o que me falta....


Fonte foto: Eduardo Macêdo

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ser mulher


Ser mulher é muito doído.
É uma luta constante e diária.
Lutamos para ter espaço, para ter direitos, para ter equivalência, para sermos reconhecidas, para sobreviver.
Lutamos contra o preconceito, contra a violência, contra a natureza humana, contra o machismo e contra os nossos próprios limites.
Temos que nos auto afirmar o tempo todo, provar perante a sociedade que somos tão capazes quanto os homens.
Sofremos mais que os homens, isso é um fato incontestável.
Mas, o mais difícil, não é enfrentar o sexo oposto, e sim enfrentar o machismo impregnado em nós mulheres pela sociedade.
Questionamos, debatemos, lutamos por igualdade.
Somos frágeis sim, mas somente fisicamente, nossa força vem das entranhas, parimos, somos arrimo de família, suportamos dores da alma.
Absorvemos também as dores de quem nos rodeia. Sofremos juntas com os filhos, pais, amantes, amigos, somos solidárias.
Somos únicas, ímpares e plurais.
Somos o paradoxo em pessoa.
Somos doces e fortes.
Somos frágeis e alicerce.
Somos amor, encantamento e delicadeza.
Mais ser mulher tem suas glórias. Podemos dar a luz e convencer com uma lágrima.
A mulher é o filtro dos sentimentos do mundo, somos capazes de transformar pessoas, de transformar a dor em amor, apesar de todas as dificuldades de ser mulher.
Merecemos não um dia dedicado a nós, mais a vida toda.


Fonte foto: Flávia Corrêa