terça-feira, 21 de julho de 2015

Ela, imperfeita e bem resolvida

Bem resolvida demais para aceitar o morno, o pouco, a dúvida.
Sabia tanto o que queria e muito mais o que não queria.
Não se fazia de perfeita para ser aceita. Modelos de conduta  fabricados em série o mundo está cheio.
Se contentava em ser sozinha enquanto o que não se encaixava no que ela achava que merecia não aparecia.
Desespero de ficar sozinha nunca a assombrou. Podia até sentir solidão, mas não se submetia a ficar com qualquer pessoa por carência.
Queria uma pessoa "pronta", "inteira", que estivesse na mesma sintonia e que buscasse valores iguais os seus.
 Bem resolvida demais para achar que só se é feliz tendo alguém. Sabia que era bom e que complementava a felicidade ter alguém, mas não colocava a responsabilidade de ser feliz nas mãos de ninguém.
Era autora da sua história e não coadjuvante.
Escolhia, e nunca era escolhida.
Não se contentava com migalhas, sabia seu limite e até onde iria.
Não se violentava para agradar ninguém, mas aceitava as pessoas como elas são.
Buscava ter alguém, mas não se subjugava.
Não se achava o máximo, mas o mínimo não a contentava.
Precisava encontrar quem a visse com esses olhos, que também fosse bem resolvido e que
se conhecesse; só assim poderiam caminhar lado a lado, no mesmo compasso, na mesma velocidade, na mesma certeza.




Fonte foto: Chris Cançado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos interagir?